Milhares de agricultores protestaram nesta quinta-feira, 18, em Bruxelas, contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. A manifestação contou com confrontos com a polícia, pneus queimados e ataques ao Parlamento Europeu, enquanto líderes das 27 nações do bloco se reuniam para discutir a possível assinatura do tratado.
Tratores, fogo e confronto
Mais de mil tratores e cerca de 7 mil agricultores tomaram as ruas da capital belga. De acordo com a polícia, o número de veículos ultrapassou o limite estabelecido. Durante o protesto, pneus foram incendiados, e manifestantes lançaram objetos como batatas e pedras contra os policiais. Um trator, em um momento de tensão, tentou avançar em direção à tropa de choque, mas não atingiu os agentes presentes. Um manifestante ficou ferido na cabeça, e janelas de prédios na Praça de Luxemburgo, que abriga o Parlamento Europeu, foram quebradas. Para dispersar a multidão, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água.
Acordo em discussão
O protesto aconteceu durante a última cúpula europeia do ano, que é considerada crucial para o avanço do tratado entre a UE e os países do Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O acordo prevê a redução de tarifas de importação entre essas regiões. A assinatura do texto final está agendada para o próximo sábado, 20, em Foz do Iguaçu, durante uma reunião dos chefes de Estado sul-americanos.
Reações no setor agrícola
Os agricultores europeus estão preocupados com o acordo, afirmando que ele pode impactar negativamente setores importantes, como carne bovina, aves, açúcar e soja. Eles argumentam que a entrada de produtos de países do Mercosul poderia comprometer as leis ambientais e as exigências sanitárias que já seguem na Europa. A Confédération Paysanne, um sindicato agrícola francês, ressaltou que “a revolta nas áreas rurais está atingindo níveis sem precedentes”.
Sindicatos de agricultores da França, Bélgica e de outras nações também manifestam oposição à proposta de cortes de 20% no orçamento agrícola da UE para o período entre 2028 e 2034. A federação belga FWA classificou tanto os cortes orçamentários quanto o acordo com o Mercosul como “totalmente inaceitáveis”.